sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

ADAM SMITH - CAPITALISMO




Era filho de um segundo casamento do pai com Margaret Smith. Nasceu em Kircalldy, Edimburg na Escócia no ano de 1723. Frequentou o Instituto de Glasgow onde entrou com 14 anos. Mais tarde obtém uma bolsa que lhe permitiu matricular-se na universidade de Oxford com a intenção de seguir a carreira eclesiástica. Sentindo que não tinha vocação desistiu e voltou à sua terra natal. Por sua iniciativa começou a fazer palestras que lhe deram uma certa notoriedade. Isto abriu-lhe caminho para ser professor em Glasgow onde lecionou Filosofia Moral. Faleceu em 7 de junho de 1790 em Edimburg.
Obra: Adam Smith escreveu os seguintes livros: História da Astronomia, Linguagens, Sentimentos Morais, Jurisprudência e Riqueza das Nações. O mais conhecido e lido é a Riqueza das Nações. Existe uma edição da Fundação Calouste Gulbenkian em 2 volumes, encontrando-se o 1º volume esgotado.
É com base neste último livro que irei fazer uma análise do pensamento econômico e político de Adam Smith. Consultei também o livro “ Adam Smith “ da autoria de Gavin Kennedy ,editora Atual e ainda o Manual de Economia Política de Pedro Soares Martinez.
Evolução da sociedade: Adam Smith estabeleceu quatro etapas na evolução da sociedade: a era dos caçadores, a era dos Pastores, a era da Agricultura e a era do Comércio. Com o aparecimento da agricultura surge a propriedade privada e aqui começam os conflitos. Adam Smith diz o seguinte :  
“ sempre que há muita propriedade, há grandes desigualdades. Por cada homem muito rico tem de haver  quinhentos pobres e a influência de poucos pressupõe a indigência de muitos”. Para estabelecer a ordem tem de haver justiça e um governo que a imponha “ a aquisição de propriedade valiosa e extensa requer necessariamente o estabelecimento de um governo civil “.
O desenvolvimento do comércio e das manufaturas pôs a circular bens, criando riqueza e acentuou o declínio do feudalismo.
Mercado livre e criação de riqueza: Para Adam Smith a riqueza não está na acumulação de metais preciosos( ouro e prata ) como pensavam os mercantilistas. Também não está na agricultura como defendiam os fisiocratas. A riqueza provém da divisão do trabalho e da especialização.  A divisão do trabalho contribui para o aumento da produtividade e  o excesso de produção abre caminho ao mercado:  “permutar, negociar e trocar. “ Nas trocas e nos negócios tem de haver interesse de ambas as partes: dos que vendem e dos que compram. Adam Smith diz o seguinte:
“  não esperamos que o nosso jantar venha da bondade do talhante, do cervejeiro ou do padeiro, mas sim da consideração que eles têm do seu próprio interesse. Apelamos não à humanidade deles mas sim ao amor próprio deles e nunca lhe falamos das nossas próprias necessidades, mas sim das suas vantagens. Dá-me o que quero e terás aquilo que queres “.
Os preços no mercado surgem em função da oferta e da procura e o mesmo pode acontecer com os salários. Um dos elementos fundamentais do mercado é o comércio e este faz-se a partir do capital fixo ( maquinaria e imóveis)  e do capital circulante ( dinheiro ).
A mão invisível e o “laissez faire “: Apesar dos negociantes e mercadores agirem egoisticamente no mercado tratando em primeiro lugar dos seus próprios interesses, a verdade é que o mercado parece autorregular-se pondo a circular os bens que são necessários, subindo os salários quando a produtividade é grande e regulando os preços em função da procura e da oferta. Adam Smith usa a metáfora “ mão invisível “ para explicar este fenômeno.
Relacionada com a teoria da “ mão invisível “ está a ideia de que o Estado não deve intervir na economia.  Para Galvin Kennedy é um erro pensar que Adam Smith  tenha apoiado o “ laissez faire“.
E cita esta passagem do livro A Riqueza das Nações  : 
“mas o exercício da liberdade natural de algum indivíduo que faça perigar a segurança de toda a sociedade é e deve ser impedido pelas leis de todos os governos, tanto dos mais livres como dos mais despóticos “.  
 Há aqui portanto uma referência explícita à intervenção do Estado na Economia que põe em causa o “ laissez faire “
Funções ou deveres do Estado
1-Segurança- “ O primeiro dever do soberano, o dever de proteger a sociedade da violência e da invasão de outras sociedades independentes, só pode ser desempenhada por meio da força militar “
2-Justiça- Para que sejam garantidos os direitos e as liberdades de todos os cidadãos é necessário que haja uma justiça independente de todos os outros poderes. Adam Smith diz o seguinte: “ é necessário que o poder judicial esteja separado do poder executivo. O juiz não deve ser passível de ser afastado do seu cargo de acordo com os caprichos desse poder “.
3-Obras públicas, instituições para facilitar o comércio e a educação.
As estradas, pontes e canais são necessários para facilitar o comércio. A administração local poderia também colaborar nas despesas de manutenção  das ruas das  cidades.
Adam Smith defendia também que o Estado deveria contribuir para as despesas da educação e da saúde das pessoas mais pobres. Para fazer face às despesas públicas haverá impostos que serão tributados proporcionalmente ao rendimento de cada um.
Conclusão :
Adam Smith viveu durante o período Iluminista e foi contemporâneo da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América e da Revolução Francesa.
É considerado por alguns como o pai da economia política. Na Riqueza das Nações faz uma análise  das relações econômicas desde os pastores recoletores até ao século XVIII, altura em que o comércio e a indústria começaram a desenvolver-se e a caminhar para a revolução industrial. Procurou  ainda estabelecer as relações causais que permitiram a criação de riqueza.  Utilizou também o método comparativo para dele tirar conclusões ou deduzir leis econômicas.
Não é como muitos pensam um teórico da economia liberal, do “ laissez faire “ ou do Estado mínimo. Além das atribuições que competem ao Estado ( Segurança, Justiça e Educação ) o Governo pode interferir na economia lançando impostos  e regulando o mercado. Adam Smith não era indiferente à pobreza e à miséria quando diz;  
“ Nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz se a maior parte dos seus membros forem pobres e miseráveis. É uma questão de justiça que aqueles que alimentam, vestem e albergam todo o corpo da sociedade tenham uma porção do produto do seu trabalho para si mesmos, de forma que eles também sejam relativamente bem alimentados, vestidos e alojados “.
Isto significa que o crescimento econômico deveria ser acompanhado de salários mais altos, redistribuindo melhor a riqueza.
No livro a Riqueza das Nações, Adam Smith tem uma frase assertiva , muito importante que qualquer primeiro-ministro devia ler  e meditar. Essa frase diz o seguinte:
“Não existe arte que o Governo possa aprender mais depressa do que aquela de retirar dinheiro do bolso das pessoas “.