sábado, 25 de junho de 2016

ÉLISÉE RECLUS - GEOGRAFIA E POLÍTICA



GEOGRAFIA POLÍTICA DE ÉLISÉE RECLUS


Um francês de ideologia anarquista, conta com uma extensa obra referente a “Geografia Política”. Tendo várias barreiras impostas as suas ideias contrarias as explorações de classes e o nacionalismo imposto por fronteiras. A contribuição de Reclus também se faz evidente no que se refere ao seu método de análise geográfico, ao defender a unicidade da geografia, e incluir a concepção de “leis” que resultam de um processo contraditório que, engendrado pela combinação de diferentes elementos, move a humanidade a partir de períodos de progresso e retrocesso que se alternam. Sua acepção analítica contempla a compreensão do mundo a partir de uma dimensão espacial e temporal na qual os indivíduos e a sociedade possuem um papel histórico fundamental. Fundou, portanto, as bases de uma “geografia social”.
*1851 que Reclus com vinte um anos, redigiu o seu primeiro texto político “O desenvolvimento da liberdade no mundo”, no qual já existia uma referência a anarquia:

“Nossa meta política em cada nação em particular é a abolição dos privilégios aristocráticos, e em toda a terra a fusão de todos os povos. Nosso destino é chegar a este estado de perfeição ideal onde as nações não terão mais necessidade de estar sob a tutela de um governo ou de outra nação; é a ausência de governo, é a anarquia, a mais alta expressão de ordem.Mas a liberdade política não é nada sem as outras liberdades, não é nada sem as liberdades sociais.”

Princípios que Reclus e jamais abandonou, ao contrário a sua opção pelos ideais anarquistas acentuaram estas convicções. 
 Suas reflexões caminham para um mundo sem Estado, sem fronteiras, criando profunadas indagações sobre a constituição da sociedade, dos valores que estão inseridos nas classes sociais, Estado e políticas. 
Reclus rejeitou a dialética clássica dos contrários, e igualmente a dialética hegeliano - marxista. Igualmente, como os demais anarquistas, preteriu o determinismo geográfico desenvolvido por Friedrich Ratzel e levado a exageros por seus discípulos Ellsworth Hungtington e Ellen Churchill Semple; e também o possibilismo de Paul Vidal de La Blache. Além disto, questionou o darwinismo social elaborado pelos seguidores de Charles Darwin os quais proclamaram que a destruição do mais débil era a lei da natureza. Reclus o analisa como uma ideologia que tinha como objetivo legitimar e oprimir parte uma grande parte da humanidade. O seu sonho anarquista de fraternidade humana, em lugar de buscar razões na competição e na luta pela sobrevivência, reconhecia a importância da harmonia (não isenta de contradições), da cooperação e da necessidade da adaptação do homem ao meio natural. Ao relacionar as leis da natureza com as relações que regem as sociedades humanas Reclus afirma:  
                                
“Invoca - se, contra as reivindicações sociais, o direito do mais forte, e até mesmo o nome respeitado de Darwin serviu, contra sua vontade, para defender a causa da injustiça e da violência...“Vede”, dizem eles (os naturalistas) “é a lei fatal; é o imutável destino, ao quais devoradores e devorados estão igualmente submetidos.”


Por diversas diversas ele recebeu pesadas críticas a Reclus, fator esse comum em um período de grandes embates teóricos.

“Segundo carta de Marx a Bracke, em 20 de novembro de 1876, esse momento fica claro: “O que pensam os socialistas de língua francesa me desagrada profundamente. Eles são representados, bem entendido, pela triste figura dos irmãos Reclus, cofundadores da aliança e profundamente desconhecidos por suas obras socialistas” (ANDRADE, 1985, p.16). E outra dura crítica que Engels faz em uma carta enviada para Liebknecht, de 31 de julho de 1877. “Reclus é um copiador ordinário e nada mais” (ANDRADE, 1985, p.16)”.

Como geógrafo que Reclus depositou a maior parte de seus esforços. Com uma vasta obra discorreu sobre diversos temas e contribuiu com a consolidação da geografia. Isso de tal modo que muitos autores contemporâneos têm sofrido influência de suas ideias. No que diz respeito à relação entre o homem e a natureza suas análises tiveram influência dos métodos usados pela da Escola Tradicional. Entretanto, sua preocupação com as desigualdades sociais do mundo o distinguiu
dos demais autores tradicionais da época, principalmente Vidal La Blache.

“Dessa forma, o que gerou efetivamente a negligencia da geografia de Reclus, diante de seus contemporâneos, não fora a insuficiência teórica de seu pensamento, ao contrario, era uma geografia que mesclava eruditismo, vinculado a filosofias antecedentes, e por sua vez, era uma geografia voltada para o presente, alinhada a mais recente teoria social critica, direcionada à construção de uma sociedade igualitária, moderna e humana. (PINTO, 2011, p. 5)”.


Entretanto, do ponto de vista especialmente geográfico, é importante saber como as formas políticas das sociedades correspondem normalmente às diversas formas terrestres na evolução da humanidade; pode - se estabelecer a este respeito regras gerais, que prevaleceram enquanto a constituição de grandes Estados centralizadores que dispunham de formidáveis meios de coerção não suprimisse os contrastes originários. (RECLUS, 1985, p. 70).
Nesse sentido seu discurso é inovador, porque não vê apenas a relação homem e meio, ma também as relações entre os homens como fato importante no entendimento de sua geografia. Reclus é considerado por Yves Lacoste o geógrafo Francês mais importante e o primeiro geopolítico. Dmitry Nikolayevich Anuchin defende que Reclus forjou o conceito do meio ambiente geográfico.(DASCANIO, 2011, p.8). 
 Compreender Reclus é fazer do questionamento uma ferramenta para o entendimento e evolução da geografia política, como Luta de Classe, Estado, Sociedade, Colonização, Progresso Técnico e Desigualdade Social. Historicamente o Estado interveio para garantir os “direitos” da burguesia, ou outra nomenclatura que se use para a classe dominante do período. Muitas vezes apelando para um de seus braços fundamentais, as forças armadas.Os anarquistas proclamam, apoiados e na observação, que o Estado e tudo qua a ele se liga não é uma pura entidade ou então alguma fórmula  filosófica, mas um conjunto de indivíduos colocados em um meio especial e sofrendo sua influencia. Estes, elevados em honraria, em poder, em tratamento acima de seus concidadãos, são por isso mesmo forçados, por assim dizer, a se crerem superiores as pessoas comuns. (RECLUS, 2011, p.24).
A questão colonial foi outro assunto que Reclus abordou diversas vezes e disponibilizou boa parte de seu tempo para a questão. Inclusive o Brasil esteve em sua análise, no que se diz respeito à colonização e sua abordagem sobre o tema é rico e pouco estudado pelos geógrafos do mundo. Ainda não reconciliada com a população da ilha vizinha, a Grã-Bretanha esforça - se em formar uma só nação com suas “filhas”, as colônias esparsas no mundo, a potencia do Canadá, os Estados da África meridional, Austrália e Ásia. Os patriotas ambicionam a união de todos esses países numa federação estrita, constituindo uma “Bretanha maior”; esse tipo de nacionalidade que o mundo nunca viu teria, ao menos, a incontestável superioridade de assentar - se unicamente na livre participação das nações interessadas. (RECLUS, 1985, p. 109).
Diversas foram as contribuições de Reclus à geografia, e também especificamente a assuntos que tangem a geografia política.Sua atuação e concepção anarquista de mundo fez com que toda sua obra tivesse como objetivo final a superação da sociedade dividida em classes sociais, ou seja, desigual. Em alguns momentos, por motivos financeiros, Reclus publicou conteúdos mais amenos, menos críticos a sociedade, mas isso em nenhum momento prejudicou a amplitude de suas obras. Nesse sentido, o autor retrata as possíveis saídas dos comerciantes, artesãos e pequenos industriais na lógica do capitalismo que se consolidava no início do século XX:

“É evidente que, na evolução contemporânea, o comercial individual com suas lojas, suas tendas de comércio, suas adegas, suas transações efetuadas em pequenas somas, está absolutamente condenado; sua transformação direta em um organismo normal da nova sociedade é impossível. Todos os pequenos lojistas dariam, portanto, uma prova de sagacidade histórica se eles dirigissem sua experiência, sua vontade, o
conjunto de suas forças e de seus recursos para o socialismo reivindicador. (RECLUS, 2011, p.53)”.

É impossível analisar sua obra sem entender os fundamentos que norteiam teoricamente e metodologicamente o anarquismo. Toda a produção intelectual de Reclus ainda dentro da geografia clássica, apesar de não romper com os métodos tradicionais de análise da realidade geográfica (positivismo – naturalismo), consegue introduzir um pensamento crítico e inovador, graças a sua origem anarquista e interesse pelo político - social. Na geografia política, Reclus não só decorreu sobre as diversas temáticas da área como rompeu com análise sempre ligada ao poder e aos grandes agentes econômicos. O que nos permite afirmar seu valor no assunto e relevância sobre o tema.

OBS: (ANDRADE, Manuel Correa. Élisée Reclus.São Paulo: Editora Ática, 1985.CASTRO, Iná Elias. Geografia e Política/Território, escalas de ação e instituições.Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2005.CLAVAL,Paul. História da Geografia. Lisboa: Edições 70, 2006.COSTA, Wanderley Messias. Geografia Política e Geopolítica. São Paulo: Edusp Editora da Universidade de São Paulo, 2008 DESCANIO, Antonio Marcos. Reclus e o estudo das cidades, um discurso geográfico inovador.p. 1/12. In: Colóquio Internacional Élisée Reclus. Anais...São Paulo, 2011. LACOSTE, Yves. A Geografia Isso Serve, Em Primeiro Lugar Para Fazer A Guerra. 12 ed. São Paulo: Editora Papirus, 2006.)

sexta-feira, 24 de junho de 2016

ÉMILE DURKHEIM - A POLÍTICA



Émile Durkheim 
 A SOCIOLOGIA POLÍTICA DURKHEIMIANA

* A sociedade é um todo integrado que não podemos negar que a miséria, violência, desemprego, doenças e marginalizações não iram trazer consequenciais, sofrimentos, caos e o mais perverso dos diagnósticos da patologia, uma “sociedade doente – Anomana”. A anomia é a grande inimiga da sociedade, visto nos atuais dias a indiferença com os refugiados, e a sociologia é o meio para estudar, entender e ajudar, criando ferramentas e mecanismo que seja possível ter saúde sociedade em um todo integrado.   
"O egoísmo é ou poderá ser um ato individual, porem jamais deixará de ser um produto da sociedade"(D.P)                                                                                                                                  
 *O agir, sentir e pensar, poderá determinar a força do indivíduo,porem, o mesmo é obrigado a se adaptar as “Leis e regras” do espaço ocupado seja este: comunidade escolar, trabalhista, social, cultural, “Nação” e soberania de governar a moralidade e ética dos seus indivíduos(segundo Durkheim). Assim as principais divisões da Sociologia”, esforço produzido no contexto de  Durkheim (1970, p. 153) apresenta as seguintes sociologias: geral, religiosa, moral e jurídica, econômica, linguística e estética. Não há, portanto, uma divisão ou um subcampo “Sociologia Política”. Mas nem tudo o que um cidadão produz no agir poderá ser considerado como um ato/fato social, sem antes atender três características: exterioridade, coercitividade e generalidade.
I. Generalidade – os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um único indivíduo, mas para todo um grupo, ou sociedade. 
II. Exterioridade – quando o indivíduo nasce, a sociedade já está organizada, com suas leis, seus padrões, seu sistema financeiro, etc.; cabe ao indivíduo aprender, por intermédio da educação, por exemplo. 
III. Coercitividade – característica relacionada com o poder, ou a força, com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos que a integram, obrigando esses indivíduos a cumpri-los. 

*Toda atitude cotidiana da funcionalidade produtiva é um comportamento estabelecido pelas regras da sociedade que controlam e estabelecem seus o pensar, sentir ou fazer. Mecanismos que não é imposto de forma especifica ou direcionada a alguém, o social do comum já é encontrado pelo indivíduo quando nasce e é inserido na sociedade e que continua depois da sua morte, sem dar margem a escolhas. 
*Lutamos o tempo todo contra o controle, contra as regras, limites, valores e contra as “Leis obsoletas e paliativas”, numa busca utópica do “Estado de Anomia”, sem limites e valores, porem(...) tais pensamentos leva a sociedade ao desespero mortal. Portanto, somos conservadores por essência, seja com a família, escola, governo, religião, polícia ou qualquer outra que traga um sentimento ou sensação de segurança, agimos contra as mudanças(ou agimos precavidos e lentos...bem lentos), pela manutenção da ordem/segurança vigente. 
A perspectiva sociológica durkheiminiana, a existência de uma sociedade só é possível a partir de um determinado grau de consenso entre seus membros constituintes: os indivíduos. Por isso Durkheim chega mesmo a afirmar que o Estado, às vezes mesmo contra os grupos sociais aos quais ele vê-se ligado, deve promover e proteger o indivíduo. Sua ação e a função social que o define têm seus fundamentos na moral, ou seja, naquele conjunto de regras e condutas juridicamente estabelecidas (de fato essa é a definição do “fato moral”). Em síntese, tanto a ação (ou função social) do Estado em defesa dos indivíduos quanto o funcionamento do sistema político (o voto, os atos do Governo, dos partidos, nos conselhos etc.) devem ser compreendidas a partir do fundamento moral e legal de cada sociedade. Talvez por isso os temas propriamente políticos tenham lentamente se dispersado ao longo da obra de Durkheim, sendo reagrupados, ontem como hoje, dentro de sua “Sociologia Moral e Jurídica”.

OBS: (GIDDENS, A. 1981. As idéias de Durkhem. São Paulo: Cultrix., 1998. A Sociologia Política de Durkheim. Política, Sociologia e teoria social. 2ª ed. São Paulo: UNESP. KUBALI, H. N. 2002. Prefácio da primeira edição. DURKHEIM, E. Lições de Sociologia. São Paulo: M. Fontes.LACROIX, B. 1984. Durkheim y lo político. Ciudad de México: Fondo, de Cultura Econômica. LUKES, S. 1985. Emile Durkheim. His Life and Work. A Historical and Critical Study. Stanford: Stanford University.)

quinta-feira, 23 de junho de 2016

PAÍSES NÓRDICOS - ESCANDINAVOS



PAÍSES NÓRDICOS - ESCANDINAVOS

Região localizada geograficamente ao norte e noroeste da Europa. Os nórdicos são constituídos por cinco nações: Suécia, Finlândia, Dinamarca, Islândia e Noruega. Península Escandinava abriga três destas nações, denominados como escandinavos: Noruega, Suécia e Finlândia.                                                                             
                                                            
História                                                                                                                                                                 
Obs: A Dinamarca escandinava? Sim, com fortes laços com a nomenclatura, devido sua história de uniões das coroas com os noruegueses e suecos, que resultaram no Estado:                    
*1397/1523: União de Kalmar  que foi um série de uniões pessoais ocorridas que unificaram os três reinos da Suécia, Dinamarca e Noruega sob uma única monarquia, o território incluía os seus “Estados Dependêntes” Islândia, Orkney, Shetland, Groenlândia e as Ilhas Faroe, com a saída da Suécia em 1523.
*1524/1814: Após a saída da Suécia  surgiu o Estado Dinamarca – Noruega território incluía as duas nações e seus “Estados Dependentes” Islândia, Groenlândia e as Ilhas Faroe, assim criou um estado político unificado.                                                                                                           
 *1814/1905: Em uma nova aliança, Reinos Unidos da Suécia e Noruega, até a saída pacifica da Noruega. Suas relações ainda contam com questões linguísticas e étnicas, mesmo tendo diferenças na geografia física, considerando que a Dinamarca é parte da planície setentrional da Europa e os demais estão na “Península Escandinava”.            
                                                     
Geografia                                                                                                                                                 
 *Suécia

Clima: temperado com quatro estações distintas e temperaturas amenas durante o ano – no  centro clima continental úmido, ao sul tem um clima oceânico, norte tem um clima sub-ártico. 
Relevo: com predominância de planícies e planaltos e presença de montanhas na região oeste. Hidrografia: principais rios, Torne älv, Dalälven e Klarälven.
Limites geográficos: Finlândia (norte); Dinamarca (sul); Noruega (oeste); Golfo de Bothnia (leste). Capital: Estocolmo

 *Noruega
Clima: oceânico, continental, subártico e alpino, com verões amenos e invernos longos e rigorosos, com ventos fortes e alta precipitação de neve.
Relevo: com planaltos elevados e montanhas em grande parte do território, presença de vales férteis; fiordes nas regiões costeiras.
Hidrografia: principais rios, Vinnu e Klaralven
Limites geográficos: Mar da Noruega e Mar do Norte (oeste), Suécia (leste), Finlândia e Rússia (norte), Mar de Skagerrak (sul). 
Capital: Oslo

*Dinamarca 
Clima: clima temperado - inverno moderado com precipitação de neve, verão é fresco, outono é chuvoso e a primavera é seca. 
Relevo: predominância em planícies 
Hidrografia: rios Gudena, Weser 
 Limites geográficos: Mar do Norte (oeste); Alemanha (sul); Suécia (leste); Mar Báltico (norte). 
Capital: Copenhague

*Finlândia
  Clima: Temperado continental, precipitações em forma de rigorosas nevascas - inverno é extremamente rigoroso e verão frio com sol da meia noite. 
Relevo: composto de planície com elevações ao norte e montanhoso ao noroeste 
Hidrografia: Paatsjoki, Kymijoki, Torne, Kemi, Oulu, Pyhae e Kokemaeen. 
Limites geográficos: ao norte com a Noruega, ao leste com a Rússia, ao sul com o Golfo da Finlândia. Do outro lado se encontra a Estônia e o Mar Báltico, e a oeste o Golfo de Bótnia e a Suécia.
Capital: Helsinque

*Islândia
 
Clima: oceânico subpolar, ou seja, possui verões frescos e curtos e invernos suaves
Relevo: montanhosos, vulcânico - predominância de rochas vulcânicas e basalto tem origem em sua localização no Rift Central do Atlântico. Isso também explica a presença de 100 vulcões e os gêiseres.
Hidrografia: maior dos rios da Islândia é o Thjörsá e existe ainda grande número de pequenos lagos
Limites geográficos: é um país insular situado no Atlântico norte, entre a Noruega e a Groenlândia, limita-se ao norte com o círculo polar ártico.
Capital: Reiquiavique