BRICS
Em 2001, o economista Jim O´Neil
formulou a expressão BRICs (com “s” minúsculo no final para designar o
plural de BRIC), utilizando as iniciais dos quatro países considerados
emergentes, que possuíam potencial econômico para superar as grandes
potências mundiais em um período de, no máximo, cinquenta anos.
O que era, no início, apenas uma
classificação utilizada por economistas e cientistas políticos para
designar um grupo de países com características econômicas em comum,
passou, a partir de 2006, a ser um mecanismo internacional. Isso porque
Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar um caráter diplomático a
essa expressão na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas, o que
propiciou a realização de ações econômicas coletivas por parte desses
países, bem como uma maior comunicação entre eles.
A partir do ano de 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC, que passou então a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final para designar o ingresso do novo membro (o “S” vem do nome do país em Inglês: South Africa).
A coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) iniciou-se
de maneira informal em 2006, com reunião de trabalho à margem da
abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Em 2007, o Brasil
assumiu a organização do encontro à margem da Assembleia Geral e, nessa
ocasião, verificou-se que o interesse em aprofundar o diálogo merecia a
organização de reunião específica de Chanceleres do então BRIC (ainda
sem a África do Sul).A primeira reunião formal de Chanceleres do BRIC foi realizada em 18 de maio de 2008, em Ecaterimburgo, na Rússia. Desde então, o acrônimo, criado alguns anos antes pelo mercado financeiro, não mais se limitou a identificar quatro economias emergentes, passando o BRICs a constituir uma nova entidade político diplomática.
Desde 2009, os Chefes de Estado e de Governo dos BRICs se encontram anualmente. Nos últimos sete anos, ocorreram sete reuniões de Cúpula, com a presença de todos os líderes do mecanismo:
- I Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009;
- II Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010;
- III Cúpula: Sanya, China, abril de 2011;
- IV Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012;
- V Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013;
- VI Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014;
- VII Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015.
O que faz o BRICS?
Desde a sua criação, o BRICS tem
expandido suas atividades em duas principais vertentes: a
coordenação em reuniões e organismos internacionais; e a construção
de uma agenda de cooperação multissetorial entre seus membros.
Com relação à coordenação dos BRICS em foros e organismos internacionais , o mecanismo privilegia a esfera da
governança econômico-financeira e também
a governança política. Na primeira, a agenda do BRICS confere
prioridade à coordenação no âmbito do G-20, incluindo a reforma do FMI.
Na vertente política, o BRICS defende a reforma das Nações Unidas e de
seu Conselho de Segurança, de forma a melhorar a sua representatividade,
em prol da democratização da governança internacional. Em paralelo, os
BRICS aprofundam seu diálogo sobre as principais questões da agenda
internacional.
Cinco anos após a primeira Cúpula, em
2009, as atividades intra-BRICS já abrangem cerca de 30 áreas, como
agricultura, ciência e tecnologia, cultura, espaço exterior, think tanks, governança e segurança da Internet, previdência social, propriedade intelectual, saúde, turismo, entre outras.
Entre as vertentes mais promissoras do
BRICS, destaca-se a área econômico-financeira, tendo sido assinados dois
instrumentos de especial relevo na VI Cúpula do BRICS (Fortaleza, julho
de 2014): os acordos constitutivos do Novo Banco de Desenvolvimento
(NBD) voltado para o financiamento de projetos de infraestrutura e
desenvolvimento sustentável em economias emergentes e países em
desenvolvimento, e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR) –
destinado a prover apoio mútuo aos membros do BRICS em cenários de
flutuações no balanço de pagamentos. O capital inicial subscrito do NBD
foi de US$ 50 bilhões e seu capital autorizado, US$ 100 bilhões. Os
recursos alocados para o ACR, por sua vez, totalizarão US$ 100 bilhões.
A coordenação política entre os membros
do BRICS se faz e continuará a ser feita sem elementos de confrontação
com demais países. O BRICS está aberto à cooperação e ao engajamento
construtivo com terceiros países, assim como com organizações
internacionais e regionais, no tratamento de temas da atualidade
internacional.
Atualmente, os BRICS são detentores de
mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem
no planeta. Além disso, representam 42% da população mundial, 45% da
força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo. Destacam-se
também pela abundância de suas riquezas nacionais e as condições
favoráveis que atualmente apresentam para explorá-las.
*Obs: 2015 Os Líderes do BRICS aprovaram em Ufá a "Estratégia para a Parceria
Econômica", roteiro para a intensificação, diversificação
e aprofundamento das trocas comerciais e de investimento entre os cinco
países. Foram assinados acordos de cooperação cultural e de cooperação
entre os Bancos de Desenvolvimento dos BRICS e o Novo Banco de
Desenvolvimento.