FARC-EP Colômbia
A
Colômbia, desde sua independência em 1819, possui um histórico de instabilidade
política e conflitos sociais. Devido a isso, em 1964, nasceu as FARC-EP (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), com uma ideologia “marxista-leninista”, e um propósito de
implantar o socialismo em território colombiano. A organização iniciou-se no
meio rural, tendo como objetivos a reforma agrária, a melhor distribuição de
renda, o fim da corrupção e das relações com os Estados Unidos.
*1948: O surgimento das FARC pode ser atribuído
ao assassinato do líder popular de discurso anti-imperialista, Jorge Eliécer
Gaintán, em 1948, que gerou grande comoção e revolta das camadas desfavorecidas
e, principalmente, ao estabelecimento da Frente Nacional que, além de instaurar
uma oligarquia, evidenciou a exploração do trabalho do camponês, que não
usufruía das riquezas advindas das exportações de recursos naturais.
*1948 e 1958: Período
conhecido como “a violência” devido ao emprego de armas com pretensões
políticas, utilizando como estratégia de embate a formação de grupos
guerrilheiros.
*1965: Inicialmente composta por pouco
mais de vinte homens e mulheres, o grupo guerrilheiro cresceu e se expandiu a
partir do processo de penetração territorial, isto é, a partir de um centro que detém o controle, o
desenvolvimento da periferia é dirigido e estimulado em proporções cada vez
maiores.
*
1958 -1974: O fortalecimento das guerrilhas
especialmente com o estabelecimento do “pacto bi-partidista de paridade e alternância
conhecido como Frente Nacional.
* 1970:
As
guerrilhas se consolidaram com o desenvolvimento de estratégias de atuação e
organização motivadas pelo objetivo de transformar politicamente o Estado.
*1970: Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (FARC), Exército da Libertação Nacional (ELN) e Exército Popular da
Libertação (EPL). Assim, as características de restrição e exclusão da
“democracia colombiana”, desencadearam o fortalecimento da luta armada e a
consequente instabilidade das instituições políticas do país.
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FARC: Faturam
aproximadamente 600 milhões de dólares com o tráfico de drogas anualmente e
fornecem cerca de 50% da cocaína consumida mundialmente e 60% da que entra no
território norte-americano.
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Mais antigo: O conflito
armado do continente latino-americano, que completa 62 anos:
carrega
em sua história o peso de aproximadamente 60 mil mortes.
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1998: Com a
intenção de findar o caos promovido pelo conflito, o então presidente Andrés
Pastrana concedeu aos guerrilheiros uma área desmilitarizada no Sul do país. No
entanto, as FARC utilizaram esse território com o propósito de fortalecer seu
poderio militar e a tentativa de estabelecer a paz no país novamente fracassou.
* 2000:
Foi colocado em prática o chamado Plano Colômbia, uma parceria bilateral entre
os Estados Unidos e a Colômbia que visava combater o narcotráfico no
continente, prática essa considerada a força motriz da violência. Através de
operações militares, tais ações influenciaram diretamente na contenção do grupo
guerrilheiro.
*2004: O grupo é alvo de fortes
oposições internacionais, e há diferenças quanto a sua classificação. Países
como Estados Unidos, Canadá e integrantes da União Europeia, o consideram como
um grupo terrorista, já outros, como Brasil, Equador e Venezuela, os
interpretam como grupos guerrilheiros que lutam por uma causa.
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2008: O segundo
líder da guerrilha, Raul Reyes, declarou que as Farc eram “uma força
beligerante reconhecida por governos anteriores da Colômbia e do mundo [...] e
uma organização político-militar, com propostas sociais, econômicas e políticas
para a paz dos afetados pelo neoliberalismo”.
* 2011: Como a morte de Raúl Reyes e de
Alfonso Cano, seu líder máximo, desestabilizaram o grupo, além da
libertação de diversos reféns, dentre eles, a ex-candidata à presidência do
país, Ingrid Betancourt em 2008. O efetivo do grupo foi significativamente
reduzido, uma das razões para as FARC aceitarem a proposta de negociação do
atual presidente, Juan Manuel Santos.
*2014:
Foi assinado um acordo entre o governo colombiano e os guerrilheiros que
prevê o combate ao narcotráfico por meio de cooperação das duas partes em prol
da promoção de outros cultivos pelas pessoas ligadas ao plantio da folha da
coca. Segundo os negociadores, o objetivo do acordo é liberar a Colômbia dos
cultivos ilícitos, da semeadura de coca e da produção de cocaína.
OBS: (Série
Conflitos Internacionais é editada pelo Observatório de Conflitos
Internacionais da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade
Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Marília – SP Editor:
Prof. Dr. Sérgio L. C. Aguilar Layout: Paula Schwambach Moizes ISSN: 2359-5809)