A Geografia de Kant
Para
muitos geógrafos, Immanuel Kant foi o primeiro acadêmico profissional de geografia
a ser também um grande filósofo; já para os filósofos, Kant foi o primeiro
filósofo a exercer uma carreira acadêmica, como tantos que vieram depois dele.
Entretanto, neste texto trataremos das contribuições e visões de Kant na
geografia, sem
desconsiderar
o que Schaefer (1977) chamou de excepcionalismo na Geografia ao se referir à
introdução da disciplina numa universidade. Kant ministrou, de 1756 a 1796,
cursos de geografia física na Universidade de Königsberg, na qual, em 1802,
publicaram-se notas de suas aulas que se referiam basicamente a uma intersecção
entre a geografia e a história (Schaefer, 1977; Campos, 2001; Lencione, 1999).
Kant
insere a geografia na estrutura da filosofia e da ciência, dividindo o
conhecimento em três abordagens, segundo os objetos de estudo: reunir os fatos
em grupos; estudá-los no tempo; e examiná-los no tempo (Broek apud Cidade,
2001). Na visão de Kant, a geografia seria um conhecimento empírico, porém
sistematizaria e classificaria os fatos (Ferreira & Simões apud Cidade,
2001).
Ainda de
acordo com Cidade (2001), Kant uniu em síntese filosófica o que se tornaria o
centro da filosofia moderna, elementos do racionalismo e do empirismo, fundando
o criticismo.
Segundo
Lencione (1999), é em Kant que se encontra a raiz da ideia de que o fundamento
da geografia é o espaço. O conhecimento pode ser classificado de acordo com
similaridades, ou ainda de acordo com as suas divergências e distinções. A primeira
classificação seria a lógica e a segunda, a física, daí a geografia ser
atribuída
por Kant
como geografia física, divergindo do que conhecemos hoje por geografia física,
ou seja, a que faz referência aos processos naturais.
OBS:( HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO E EPISTEMOLOGIA
EM GEOGRAFIA - PG. 58/59 - Juliana
Emy Carvalho Tanaka. Racionalismo, para Magee (1999), assume a posição
de que as preposições autoevidentes deduzidas pela razão são a única base de
todo conhecimento. Descartes é considerado o primeiro racionalista e seu método
influenciou filósofos, sobretudo Espinosa, Leibniz e Kant. De acordo com Magee
(1999), o empirismo sustenta que todo conhecimento deve ser derivado, ao fim e
ao cabo, dos sentidos; todo conhecimento que realmente exista deve ser derivado
da experiência.).